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Faz sempre a mesma coisa com o dinheiro? Descubra a razão
Pesquisa mostra que quando se trata do bolso -e até de outras áreas da vida - agimos de acordo com perfis de comportamento
Por mais corriqueira que seja a tomada de uma decisão na vida -relacionada ou não ao uso do dinheiro - ela tem por trás um comportamento repetitivo, que pode oscilar de acordo com a fase em que vivemos.
Com o objetivo de traçar os perfis de comportamento quando o assunto são as finanças pessoais, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) encomendou ao instituto Na Rua uma pesquisa com 400 brasileiros de quatro grandes capitais, incluindo São Paulo.
Além de entrevistas e avaliações quantitativas e qualitativas, os pesquisadores foram a campo para entender como as pessoas vivem, mergulhando por um ou dois dias em suas rotinas.
O resultado foi o mapeamento de cinco diferentes perfis de comportamento, que mostram como o brasileiro se relaciona com as próprias finanças nas diversas fases da vida.
Havia duas propostas. Primeira: ir a campo para descobrir como as pessoas se enxergam ao fazer a gestão do próprio dinheiro, ou seja, que trajetória fazem.
Segunda: ajudar os profissionais de bancos a indicar os produtos mais adequadas para cada cliente, ou de acordo com o seu perfil comportamental.
A premissa é que, com esse conhecimento, eles possam melhorar a abordagem, oferecendo aplicações e linhas de crédito que ajudem cada um a gerir melhor a própria situação financeira.
"Mas houve um terceiro achado, que foi fazer as pessoas conseguirem identificar o próprio perfil. Elas puderam fazer essa autoavaliação para observar o que podem melhorar", afirma Ana Leoni, superintendente de Educação e Informações Técnicas da Anbima.
Segundo Ana, a pesquisa mostrou que questões como idade, classe social e renda pouco interferem na forma como essas pessoas encaram e lidam com dinheiro.
VEJA EM QUE PERFIL VOCÊ SE ENCAIXA
1- CONSTRUTOR
Pessoas de perfil construtor muitas vezes guardam dinheiro em casa, pois querem ter uma prova constante de sua segurança. É o perfil daquele que precisa que alguém o impulsione para situações novas e oportunidades - já que ele é avesso ao risco e quer sempre manter o controle sobre a situação.
Disciplinado, gosta de acumular dinheiro, mas utilizará serviços bancários se tiver conhecimento e renda.
O grande desafio para cuidar das finanças do construtor é transmitir a ele a mesma sensação de segurança e concretude que ele tem ao ter o dinheiro na mão, ou guardado em casa.
Como adota um sistema de acumular devagar e sempre, tende a ficar sempre em investimentos mais garantidos e previsíveis.
É o tipo de pessoa que batalha muito para conseguir o que quer e que acaba conseguindo, mesmo que seja aos poucos.
Para ele, conquistar algo sem esforço não tem graça, já que proporciona o prazer da conquista.
É o tipo de pessoa que costuma ter muito orgulho de sua capacidade de organização – e por isso é procurada por todos que precisam de ajuda financeira.
O construtor é bastante econômico, mas quando se dispõe a ajudar os outros, se transforma em uma pessoa importante em seu círculo familiar e social -o que traz um sentido para sua vida.
São pessoas mais intuitivas e emocionais do que estratégicas e racionais, e acabam alcançando objetivos importantes no longo prazo.
2- DESPREOCUPADO
Como o próprio título define, o despreocupado é aquele que não está atento ao que acontece com seu dinheiro, e isso costuma ser um problema na sua vida.
Do jeito que o dinheiro entra no bolso, também sai, de forma fugaz. Tende a gastar sem pensar, em busca de gratificação imediata.
O despreocupado não tem prazer em lidar com o gerente do banco. É o tipo de pessoa que busca viver intensamente o dia de hoje, não vendo sentido em investir para ter um ganho futuro.
Por isso mesmo, quando tem dinheiro guardado, contrata aplicações financeiras mais básicas.
Para ele, faz mais sentido contratar crédito porque isso os ajuda a não deixar para comprar amanhã o que desejam obter hoje.
Quem tem esse perfil precisa de limites, ou seja, de algo que o ajude a não se descontrolar financeiramente. Um bom exemplo é o próprio limite do cartão de crédito ou do cheque especial.
Embora sejam distraídas em relação ao dinheiro, os despreocupados são competentes em aproveitar as oportunidades que aparecem, o que - de certa forma - compensa a falta de planejamento em suas vidas.
Quando embarcam nas oportunidades reforçam a crença de que “tudo é possível” e, se algo não dá certo, é porque “não era para ser".
Quando estão em situação difícil, pessoas com esse perfil encontram um jeito de superar, conseguindo algum dinheiro emprestado ou doado. Vivem das sensações e prazeres que o dinheiro proporciona: prazer, diversão, viagens.
Geralmente o despreocupado tem um “porto seguro” financeiro, em geral alguém da família.
3-CAMALEÃO
Entrou na conta, saiu para pagar dívidas. Assim é o dinheiro do camaleão, que ganhou esse nome por que tem uma enorme capacidade de adaptação ao mundo, aceitando as coisas como elas são. É a pessoa que quer passar a imagem de que está tudo bem.
Esse perfil, porém, é criterioso ao lidar com as próprias finanças: para este grupo, todo dinheiro é dinheiro, e o pouco rende “muito” na sua mão.
O camaleão não pensa em investir e tampouco faz planos para o futuro, uma vez que o dinheiro é sempre pouco e fugaz.
São pessoas que se interessam em aprender mecanismos (nas ofertas e produtos financeiros básicos) que os ajudem a sobreviver.
Apesar das dificuldades, o camaleão consegue realizar aquelas coisas que são realmente importantes para ele.
O segredo do camaleão para viver relativamente bem com pouco é ter a sua realização pessoal naquilo que é mais cotidiano, natural, e que exige pouco esforço financeiro.
Costuma valorizar os prazeres simples e não tem grandes ambições: se tem o suficiente para um chope com os amigos no final de semana, está tudo bem.
Entre esses prazeres estão também as coisas mais intangíveis, pouco relacionadas com dinheiro, como festinhas em casa com amigos próximos e família, atividades ligadas a experiências físicas e/ou intelectuais. Se possui recursos para fazer esse básico, considera-se feliz.
Camaleões são pessoas previsíveis, constantes e conservadoras no sentido de não procurarem mudança.
Precisam contar frequentemente com ajuda de amigos e parentes e são bons em convencer outras pessoas a ajudá-los (compram fiado de pequenos comerciantes) e em desenvolver pequenas “gambiarras” financeiras que os permite sobreviver.
4- SONHADOR
É o perfil de quem tem uma mente inquieta, está sempre pensando em investir em algo e em empreender. É muito ligado nas oportunidades de investimentos em negócios ou em si mesmo (com cursos).
Seus sonhos são sempre construídos em cima de valores e fortes crenças pessoais e por isso o sonhador é resiliente – mesmo quando seus planos não saem como esperado ele permanece orgulhoso, otimista e acreditando no futuro.
O excesso de confiança faz com que ele se comporte impulsivamente e “se jogue”.
O sonhador valoriza bastante a liberdade e as regras do mercado financeiro o incomodam bastante, já que sempre acha que poderia ganhar mais em uma aplicação ou ter um limite maior de crédito.
O dinheiro é principalmente um meio para realizar um sonho, que sempre é grandioso – trazendo sucesso, visibilidade e reconhecimento.
Como tem o pensamento de que “qualquer quantia não é dinheiro”, muitas vezes perde a oportunidade de construir uma poupança por acreditar que é inútil se preocupar com os pequenos valores que circulam no dia a dia.
Os sonhadores também costumam ter na família alguém que seja seu “porto seguro”, ou seja, mais organizado e pé-no-chão para segurar as pontas enquanto o sonhador voa.
Os investimentos financeiros do sonhador são inconstantes, estão sujeitos a altos e baixos, e em geral são feitos com grande dose de ousadia e risco.
Para quem tem esse perfil as ofertas de aplicações e crédito estarão sempre aquém do que ele gostaria.
Se possuir recursos suficientes, usará o sistema financeiro para conseguir o que quer e entenderá minimamente de aplicações financeiras.
5- PLANEJADOR
Determinado e sempre acredita que pode fazer e ganhar mais. Assim é o planejador, um perfil pragmático, movido por desafios e de pessoas que conseguem realizar o que desejam apesar das limitações, contornando ou ultrapassando aquilo que encontram pelo caminho.
Para ver o dinheiro acumulado se multiplicando, prestará atenção aos mecanismos do sistema financeiro que oferecem o maior número de possibilidades de visualização e projeção, e também meios dele se planejar.
Quem tem esse perfil também pode acumular dinheiro de formas mais concretas, adquirindo bens, ou investir em negócios lucrativos em vez de investir diretamente no mercado financeiro.
Os planejadores das classes menos abastadas costumam optar por este caminho.
São pessoas muito seguras de sua capacidade de organização e realização, e que confiam na sua alta racionalidade. Adoram metas.
O planejador costuma estipular para si mesmo objetivos a serem cumpridos em um tempo determinado, e frequentemente isso o estimula a seguir em frente e crescer.
Independentemente de sua classe social, o planejador é, em geral, alguém muito bem-sucedido em seu negócio, investimento ou trabalho. Quando sua renda é maior, entende mais sobre o mercado financeiro e utiliza serviços para fazer o seu dinheiro crescer.
O acúmulo do dinheiro é, por si só, uma conquista e pode ser mais relevante do que ele compra ou proporciona. Isso faz dele uma pessoa bastante flexível em relação a vários aspectos da vida – exceto em relação ao seu objetivo de ganhar e acumular dinheiro.