Carregando...

Notícias

Notícia

O monstro de 7 cabeças das finanças: suas dúvidas respondidas

Chega de ter dúvidas sobre as operações financeiras da sua empresa! Estamos tirando do forno respostas quentinhas para os seus temores.

Um dos maiores desafios de muitos empreendedores é a organização das suas finanças. Durante o caminho, surgem diversas dúvidas e, para te ajudar a passar por essa fase da melhor maneira possível, separamos algumas perguntas que empreendedores reais, participantes do programa Endeavor Conecta, fizeram aos mentores da nossa rede, sobre as suas dores financeiras.

Pronto para começar? Vamos lá!

1. Como aumentar capacidade operacional se o caixa não permite?

Algumas vezes, você tem a equipe dos sonhos, mas ela não é grande o bastante para atender a toda a sua demanda. Em um mundo ideal, a saída seria fácil: contratar novos funcionários. Mas e quando os seu caixa não permite essa ação?

Primeiro, verifique se o seu modelo de negócio e de gestão está realmente validado, em todas as instâncias. Em caso positivo, temos duas saídas:

- Terceirização ou Freelancers

Essas duas opções são, em sua maioria, mas baratas do que a contratação de um novo funcionário. No entanto, é preciso ter em mente que, se essa for a opção escolhida, é imprescindível sentar e explicar os detalhes de toda a sua operação para os prestadores de serviços, afinal, não queremos que sua operação pareça uma colcha de retalhos, não é mesmo?

Nesse caso: alinhamento é tudo.

- Revisar seu modelo de negócio

Se o único problema é dinheiro para sustentar o crescimento, busque um investidor. Mas, provavelmente, tem alguma outra forma de encarar a situação. Talvez, o que a sua empresa precisa pode ser voltar no Modelo de Negócios e analisar o fluxo financeiro da sua oferta e alterá-lo. É isto ou captar dinheiro.

2. Como inovar ou criar produtos novos sem mercado e com a empresa endividada?

Sempre batemos na tecla da inovação, mas com empresas descapitalizadas e consumidores sem dinheiro para comprar produtos com valor agregado, como inovar?

Em primeiro lugar, é importante termos claro, em nossas mentes, que produtos novos sem mercado significam uma invenção ou um conhecimento que não trazem nenhum resultado positivo para o negócio. Então, antes de colocar as suas ideias em prática, é preciso sempre parar e avaliar o seu mercado e os possíveis resultados da sua ação ou lançamento.

Mas, antes de investir em novas ideias, que tal retomar seus produtos e/ou serviços, comparando-os com os de seus concorrentes? A qualidade é a mesma? O que você poderia fazer de diferente para encantar seu cliente? Às vezes, a inovação vem de algo que já temos em nossas mãos, mas ainda não exploramos todo potencial.

TENTE FOCAR NA EXPERIÊNCIA DE USO DOS PRODUTOS QUE VOCÊ COMERCIALIZA.

Por exemplo, se você for uma loja de produtos de limpeza, pense: Como você pode facilitar o uso dos produtos e tornar a limpeza mais fácil e economizar tempo?

Observar como seus produtos são utilizados pelos consumidores e usuários pode te trazer muitas ideias que orientem o seu “investimento” em inovação e melhore a produtividade do processo. Por mais que as condições não pareçam as melhores, nunca desista da inovação.

3. Como não prejudicar o fluxo de caixa da empresa com compras de fornecedor?

Um dos grandes desafios de empresas que acabaram de entrar no mercado é a sua relação com os fornecedores. Alguns deles, por apresentarem limites para as compras, acabam fazendo com que grande parte das negociações seja feita na forma de pagamento à vista – enquanto você, para se manter competitivo, muitas vezes recebe a prazo – o que prejudica o fluxo de caixa de muitos empreendedores.

O furo no caixa existe quando o seu recebimento é maior que seu pagamento. Para solucionar esse problema, você pode aumentar as negociações com seus fornecedores ou reduzir o prazo de recebimento. Você também pode:

Saída 1:

Reduzir o número de fornecedores, conhecer pessoalmente cada um, olho no olho, e aumentar as compras deles para que te reconheçam como um bom cliente. Lembre-se: fornecedor deve ser pago em dia, isso é muito importante para conquistar confiança e crédito.

Saída 2:

Se essa saída não te agradou, você pode fazer o inverso: ter muitos fornecedores, comprando pouco e não despertando medo neles. O problema, nesse caso, é que as negociações para chegar a bons preços podem ficar mais difíceis.

Saída 3:

Aumentar sua rentabilidade, mesmo que com isso você perca um pouco de vendas. Essa ação fará com que as sobras (lucro) comecem, aos poucos, a acumular no seu caixa e, com isso, você se auto financiará. É importante ressaltar que isso será um pouco limitante para seu crescimento, mas é uma maneira segura de crescer.

Saída 4:

Pegar empréstimo para capital de giro. Esse é o método mais arriscado, mas é o que te permitirá crescimento rápido. O problema é que seu controle deve ser muito preciso, pois, se der algo errado, você pode perder sua empresa e até seus bens pessoais.

4.Como aproximar os pagamentos dos nossos recebimentos?

Ainda explorando o tema de fornecedores, outro grande desafio dos empreendedores é o gap entre pagamento e recebimento dos produtos. Isso acaba, muitas vezes, influenciando diretamente o caixa da empresa, principalmente em meses de maior demanda.

Quando falamos em aproximar pagamentos de recebimentos, estamos focando em como melhorar o seu ciclo financeiro, ou seja, a velocidade com que o dinheiro “roda” na sua empresa.

QUANTO MAIOR FOR O SEU CICLO FINANCEIRO, MAIOR SERÁ A SUA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO.

O Ciclo Financeiro é calculado da seguinte forma: Prazo Médio de Renovação do Estoque (PMRE) + Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV) – Prazo Médio de Pagamentos (PMP). Note que, além dos componentes de pagamentos e recebimentos, existe um componente de estoques que tem um papel importante na equação.

Nossa sugestão é que você ataque o problema em 4 frentes:

  • Otimize seus estoques, por meio da redução do seu ciclo de produção e logística. Só tome cuidado para não se “super estocar”! Acaba sendo comum que empresas comprem lotes maiores do que os necessários para aproveitar o “desconto por volume”, mas isso pode implicar em perdas por uso de espaço para itens ociosos, depreciação, estragos, etc. Compre apenas o necessário;
  • Melhorar seu prazo de pagamento aos fornecedores, procurando selecionar com qual você tem melhores possibilidades de negociar. Se possível, priorize fornecedores pequenos – desde que isso não leve a preços maiores – assim você pode ser um cliente importante. De todo modo, tente negociar, mesmo com seus fornecedores maiores, prazos que atendam à sua empresa. Afinal, nem mesmo os grandes fornecedores gostam de perder clientes, então sempre existe algum espaço para conversa;
  • A última ponta é trabalhar no custo do seu capital de giro. Partindo da premissa que você sempre precisará de capital de giro e que seu fluxo de caixa dificilmente suprirá essa necessidade por si só, você precisa trabalhar para conseguir o menor custo possível no giro. Normalmente os descontos de recebíveis acabam sendo caros. O seu custo de capital dependerá do seu porte e das características do seu negócio (quanto maior o risco percebido pelos bancos, maior será a taxa).

Procure ser atendido pelas plataformas que os bancos chamam de “Middle”, que são plataformas para empresas pequenas e médias e que costumam ter condições melhores do que o varejão. Outra alternativa é você conseguir um “cartão BNDES” que é um cartão de crédito para pequenas e médias empresas, com uma taxa de juros diferenciada. Este cartão pode ser usado para você pagar seus fornecedores, mas é necessário que estes fornecedores sejam cadastrados no BNDES. Se você trabalha com fornecedores grandes, é possível que eles sejam cadastrados – vale a pena sondar.

  • Nossa última sugestão é: economize! Seja mais criterioso nas despesas, cheque e recheque a real necessidade de cada uma delas. Dinheiro tem que ser difícil de gastar! Não facilite e “desburocratize” os processos de aprovação de despesas. Faça o contrário: use a burocracia a seu favor, para ter gastos mais controlados e melhorar seus resultados.

5. Como equalizar as finanças da empresa não atuando exclusivamente na redução de quadro?

Um livro muito indicado é o Dobre Seus Lucros em 6 meses ou Menos, do Bob Fifer. Nele, você verá como nenhuma estratégia é tão eficaz quanto a que lida com a única variável do negócio realmente sob o seu controle: os custos. E custos com pessoas e coisas dão na mesma para as suas finanças, então se você não quer diminuir custos com pessoas, terá que diminuir o quanto elas gastam.

  • Deixe claro para seu time a situação da empresa e que farão de tudo para que não haja reduções. Mas, bem, nunca sabemos o que pode acontecer no dia seguinte, então tente não prometer que isso vai ser impossível de acontecer;
  • Entenda que os colaboradores são mais flexíveis do que você imagina. Coloque orçamentos arbitrários, de acordo com a disponibilidade de caixa da empresa. Se você for entender todos os motivos que levam seus funcionários a gastarem mais, não haverá redução. Ponha o orçamento à frente das razões colocadas por eles, nesse momento difícil;
  • Seja o exemplo da austeridade para a empresa. Mude seus hábitos, gaste menos, cheque se todos estão se esforçando pra reduzir os custos.
  • Evite todo tipo de gastos desnecessários neste momento. Se você tem dúvida se um gasto é necessário ou não, coloque etapas para que ele seja aprovado. Em última instância, todos os gastos têm que ser aprovados com você. Isso fará com que só os gastos realmente necessários sejam levados adiante;
  • Nenhum custo é tão pequeno que não possa ser reduzido. Aproveite este momento para renegociar com seus parceiros e fornecedores. Aproveite inclusive para renegociar prazos com eles, aumentando seu capital de giro disponível;
  • Lembre-se que empresas não vão à falência por dar prejuízo, mas sim por falta de caixa. Garanta seu fluxo de caixa o mais negativo possível (prazo de pagamento alongados, prazos curtos de recebimento) e o proteja de gastos desnecessários.

6. Para reestruturar o negócio com recursos escassos, o que deve ser priorizado? Investir na compra de matéria prima ou na gestão de controles operacionais e financeiros?

São muitos os casos de empresas que se “afundam” justamente na hora do crescimento. Nesse caso, que tal investir, primeiramente, em controles operacionais e financeiros?

Crescer requer recursos financeiros e padrões bem estabelecidos – vale a pena dar uma olhada na Curva de Greiner, que mostra as fases de maturidade das empresas e dos desafios em cada fase.

Entendemos que investir em controles operacionais inclui o desenvolvimento de fornecedores que mantenham o mesmo padrão de qualidade que eles já têm, além das formas de monitoramento. Colocar produtos de qualidade inferior, jamais! A não ser que a empresa queira se reposicionar em um patamar de conceito abaixo do que construiu. E isso não é, necessariamente, um problema, pois há um mercado para padrões de qualidade menos elevada.

O que irá determinar a disposição de eventual reposicionamento são os valores, ideais, etc. Não é demérito ter como valores atender a um público menos exigente em qualidade. O que não pode haver é oscilação de qualidade em relação ao padrão estabelecido.

Depois de ter todas essas dúvidas respondidas, mãos à obra! Independente dos desafios da empresa, ferramentas de gestão financeira sempre estão aí para ajudar.