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Mercado global abre o ano em forte ritmo

O índice Dow Jones subiu 2,35%, para 13.413 pontos.

Autor: Ryan VlastelicaFonte: Valor Econômico

As ações globais e as commodities subiram ontem, em meio a certa euforia que tomou o mercado depois que legisladores dos Estados Unidos chegaram a um acordo para impedir uma rodada automática de aperto fiscal, que ameaçava lançar a maior economia do mundo em uma recessão.

O acordo firmado para evitar o "abismo fiscal" nos EUA estimulou o apetite dos investidores por ativos de maior risco - as ações europeias testaram seus maiores patamares em cerca de 20 meses. O preço do petróleo bruto do tipo Brent atingiu o maior nível em 11 semanas, chegando a US$ 113 o barril, e o preço do ouro chegou a subir mais de 1%, indo para o maior patamar em duas semanas.

"O acordo certamente melhora as perspectivas para o crescimento econômico e a primeira semana do ano geralmente prepara o terreno para as ações durante o resto do ano, de modo que isso é positivo", disse Peter Cardillo, principal analista de mercado da Rockwell Global Capital de Nova York.

A votação no Congresso americano removeu uma grande incerteza para os mercados, mas alguns analistas alertam que o otimismo poderá desaparecer se dados da maior economia do mundo, que deverão ser anunciados nos próximos dias, incluindo o relatório sobre as folhas de pagamento de dezembro, forem desapontadores. A produção industrial dos EUA cresceu ligeiramente em dezembro, recuperando-se de uma contração inesperada no mês anterior, segundo apontou o relatório sobre a indústria divulgado ontem.

O índice Dow Jones subiu 2,35%, para 13.413 pontos. O S&P 500 registrou apreciação de 2,54% para 1.462 pontos, enquanto que o Nasdaq Composite avançou 3,07%, para 3.112 pontos. O índice MSCI, que engloba ações de todas as partes do mundo, subiu 1,6%.

No mercado de câmbio, o euro chegou a US$ 1,3172 depois de atingir o maior patamar em duas semanas durante os negócios.

No mercado de dívidas soberanas, o que se viu foi uma queda nos preços dos bônus de alto rendimento da Espanha e Itália, e dos equivalentes alemães, geralmente favorecidos pelos investidores avessos ao risco. No caso dos Treasuries americanos, o aumento do apetite por risco pressionou os preços dos papéis, com consequente alta dos juros.

O índice europeu de ações FTS Eurofirst 300 subiu 2,1%, para 1.157,40 pontos, com as ações do setor de recursos básicos e cíclicos liderando a primeira sessão de negócios do ano.

Em Londres, o FTSE 100, avançou 2,20% e fechou aos 6.027,37 pontos. Esta foi a primeira vez que o FTSE 100 fechou acima de 6 mil pontos desde julho de 2011. As mineradoras apresentaram os maiores ganhos. Os papéis da Glencore subiram 7,2%, e os da Xstrata ganharam 6,7%.

O mercado britânico também refletiu o fato de o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Reino Unido ter subido para 51,4 em dezembro, maior patamar em 15 meses.

O CAC-40, de Paris, teve alta de 2,55%. O DAX, de Frankfurt, ganhou 2,19%. O FTSE MIB, de Milão, subiu 3,8%. E o IBEX-35, de Madri, avançou 3,43%.

Todavia, novos confrontos políticos são esperados nos EUA para os próximos dois meses, o que pode afetar o sentimento dos investidores e resultar em uma maior volatilidade nos preços das ações. "Veremos alguns dias mais de euforia, mas então a realidade vai se impor", disse Mike Turner, diretor de estratégia global e alocação de ativos da Aberdeen Asset Management, acrescentando que vai vender contratos futuros sobre grandes índices ao primeiro sinal de novas agitações políticas.

"Se você estiver comprado, dever permanecer comprado e estabelecer um stop loss [cotação de saída para evitar perdas], mas se você não estiver comprado, está muito perigoso comprar agora", disse Valerie Gastaldy, diretora de análises técnicas da Day-By-Day de Paris.

Operadores também disseram que é preciso tomar os ganhos de ontem com certas restrições, uma vez que o primeiro dia de negócios de cada ano tende a produzir alta nos preços das ações, pois dinheiro novo é colocado para trabalhar. (Colaborou David Brett)