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BC compra dólares e moeda sobe 0,58%, a R$ 1,727
Autoridade monetária faz leilão no mercado à vista após quase cinco meses e interrompe sequência de quedas
Depois de quatro pregões seguidos de desvalorização, o dólar comercial fechou ontem em alta de 0,58%, a R$ 1,727, puxado por uma nova intervenção do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. A autoridade monetária fez um leilão de compra da moeda à vista e retirou cerca de US$ 190 milhões de circulação, segundo estimativas de corretoras. Foi o primeiro leilão do gênero - que tem objetivo impedir o derretimento da moeda - desde 13 de setembro.
Na sexta-feira passada, o BC iniciou uma queda de braço com o mercado sobre o "piso" de R$ 1,70 do câmbio. Naquele dia, a autoridade monetária fez um leilão a termo de compra de dólares, que consiste numa operação com entrega e liquidação futura da moeda, mas apenas evitou uma queda maior.
- O BC sabe que o pesado volume de recursos de estrangeiros que está entrando no Brasil vai levar a moeda para abaixo de R$ 1,70. Ele está tentando apenas adiar esse movimento, torná-lo mais suave e lento - acredita Ures Folchini, vice-presidente de tesouraria do banco WestLB.
Segundo analistas, a atuação do BC coincidiu ontem com a liquidação da captação de US$ 7 bilhões da Petrobras. Os recursos foram captados por uma offshore da estatal e não necessariamente entraram ontem no país. Mas a expectativa de operadores por essa enxurrada de dólares pode ter precipitado o leilão do Banco Central.
- Não está claro se o Banco Central tem atuado de forma forte ou moderada no câmbio. Só teremos ideia disso na semana que vem, quando saírem dos dados de fluxo de entrada de recursos no país nos últimos dias - explica Alfredo Barbutti, economista-chefe da corretora BGC Liquidez.
Ontem, o volume captado por empresas brasileiras no exterior, que somava US$ 12,3 bilhões até a sexta-feira passada, continuou crescendo. O Santander Brasil colocou na rua uma captação de, pelo menos, US$ 500 milhões. A Brasil Telecom vendeu US$ 1,5 bilhão em bônus de dez anos. E grupos de menor porte começam a buscar espaço no mercado, como o Grupo Farias, de etanol, que busca US$ 300 milhões no exterior.
Segundo operadores, além da atuação do Banco Central, a piora do clima no mercado externo contribuiu para a alta do dólar comercial. No mercado, no entanto, analistas começam a falar novamente de guerra cambial. Em relatório, a equipe de análise do HSBC usou o termo ao comentar atuações dos BCs brasileiro e da Colômbia no últimos dias.
Bolsa fica estável com temores sobre a Grécia
Em relação a outras moedas, o dólar comercial valorizou-se ontem frente euro (0,18%), peso mexicano (0,10%) e dólar australiano (0,34%). O movimento do euro frente ao dólar foi determinante para a flutuação das outras moedas.
Na mercado de ações, as bolsas recuaram após um novo impasse sobre as negociações da dívida da Grécia. Sustentada por investidores estrangeiros, no entanto, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ficou estável, em uma leve alta de 0,01%, aos 65.223 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice. O volume de negócios foi abaixo dos últimos dias, com um giro de R$ 5,9 bilhões.
Entre as altas do pregão, o destaque ficou para a Localiza ON (ordinária, com voto) em alta de 2,89%, a R$ 30,30, ainda no embalo dos resultados registrados no quarto trimestre do ano passado. Entre as baixas, papéis que mais se valorizaram nas últimas semanas, como Duratex ON.