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Empresas substituem método tradicional de gestão por 'BPM'
Gerenciamento de processos de negócios permite antecipar adversidades operacionais e superar a concorrência
O “BPM” (Business Process Management) ou Gerenciamento de Processos de Negócios ganha cada vez mais espaço nas organizações como uma alternativa para a visão tradicional de gestão. Um estudo internacional da KPMG, com 1,4 mil executivos de 22 países, incluindo o Brasil, revelou que os métodos tradicionais já não são eficazes para enfrentar os desafios empresariais e que mais de 50% dos líderes pretendem testar novas abordagens nos próximos dois anos. As principais causas de preocupação apontadas pelos executivos dos países em desenvolvimento foram a velocidade da inovação e o gerenciamento das informações. Esses fatores são considerados difíceis de lidar quando se adota a visão tradicional, porém são princípios e objetivos do Gerenciamento de Processos de Negócios.
O consultor e diretor da F&A Tecnologia de Gestão Empresarial, Conde Ferrari, explica que a visão por processos apresenta várias vantagens sobre a visão tradicional. Essa se caracteriza por uma gestão passiva, que analisa o desempenho passado da empresa, e por remeter a uma divisão isolada de departamentos, sem interação, resultando numa sensível perda de energia corporativa. Já o BPM está focado em processos e contempla os fatores internos e externos à organização que podem influenciar os resultados. “Essa metodologia permite uma análise de performance mais bem apurada e uma gestão mais ativa com a antecipação a eventos indesejáveis para o negócio, justamente uma das dificuldades apontadas pelos executivos na pesquisa da KPMG”, observa Ferrari.
O consultor ainda avalia a dificuldade que 80% dos líderes corporativos indicaram para gerenciar informações, sendo que 60% afirmaram que seus esforços em administrar esse problema não foram efetivos. Ferrari ressalta que um erro recorrente é implantar softwares de gestão sem uma revisão dos processos. “Consegue alguns benefícios, ganha agilidade, mas não a conexão e a adequação com o negócio. Isso ocorre porque o produto não é desenvolvido para uma empresa específica, possuindo uma aderência ao negócio de, no máximo, 60% das atividades. Com o BPM e a implantação de softwares específicos é possível adotar uma gestão ágil e de fato voltada para os objetivos da empresa em seu mercado”, aconselha.
No Brasil, a complexidade do mundo empresarial foi atribuída ao aumento da concorrência por 25% dos entrevistados. Para Ferrari, este cenário merece atenção, pois o Brasil vem perdendo competitividade empresarial, caindo seis posições no ranking entre 56 países, ficando em 44º lugar, atrás da Turquia, Filipinas e Peru. “A visão por processos é a melhor alternativa porque contempla a produtividade, a competitividade e o lucro como atributos essenciais à sobrevivência de qualquer negócio. O principal processo de qualquer empresa é exatamente o atendimento ao mercado, com foco em diferenciais competitivos”, afirma o consultor.
Nos últimos 10 anos, a visão por processos cresceu muito devido aos resultados obtidos e sua adoção é uma exigência do Prêmio Nacional de Qualidade, assim como pré-requisito para adoção das normas da Série ISO 9000. O Gerenciamento de Processos de Negócios envolve o desenvolvimento de um projeto, com duração entre quatro e oito meses, de mapeamento e revisão de processos para torná-los mais leves, rápidos e aderentes ao negócio da empresa.
Segundo o consultor, essa revisão implica várias decisões estratégicas, como adotar tecnologias que melhorem o gerenciamento das informações e o desempenho, tornar os ciclos de negócios mais rápidos, reduzir e controlar os custos, colocar ou retirar um produto do mercado, e, principalmente, eliminar as atividades que não agregam valor ao negócio.
A relação entre o custo e o benefício é de alto retorno, inclusive porque oferece potencial de crescimento econômico dentro da empresa, que conquistará novos benefícios tangíveis e intangíveis. Além disso, segundo pesquisa mundial da consultoria americana Gartner, existe uma redução de custos operacionais de até 20% já no primeiro ano da implantação do BPM. “Os benefícios vão além, gerando valor para as partes diretamente interessadas na empresa, como acionistas, clientes, fornecedores e empregados”, acrescenta Ferrari.